Você já se sentiu pressionado
por seus filhos a dar alguma resposta imediata às demandas deles? Muitos pais
passam por essa situação, já que a criançada e os jovens querem tudo
instantaneamente. E como eles sabem pressionar!
As crianças aprenderam, com a experiência,
que os pais cedem impensadamente e dizem "sim" ao que os filhos
querem apenas para se livrar da insistência deles. Elas pedem uma, duas, três,
mil vezes, se necessário. E em sequência, primeiramente porque ainda não têm
noção do tempo cronológico que o adulto tem, e também porque já sabem que a
paciência dos pais quase sempre termina a favor deles.
Os pedidos não são apenas
expressados pela linguagem: eles vêm também em comportamentos, em negações, em
teimosias, em apelos emocionais que eles sabem que costumam funcionar.
"Mãe, posso ir dormir na
casa da Aninha?". Esse foi o pedido da filha de apenas cinco anos de uma
jovem mãe que tinha a convicção de que não enfrentaria essa questão antes de a
filha ter mais de sete anos. Enfrentou. A surpresa deixou-a paralisada e, mesmo
ciente de que não queria deixar, respondeu à filha que iria pensar.
Alguns segundos após a resposta
da mãe, a filha voltou e perguntou se ela já havia pensado. Crente de que a
filha entenderia, disse que pensar demora, mas é claro que teve de ouvir o
pedido da filha logo depois. Finalmente, deu permissão à filha, a contragosto,
porque não conseguiu suportar a pressão da garotinha.
Já o pai de um jovem relutou
muito -segundo ele- em aceitar que o filho, com quase 17 anos, conseguisse
tirar uma carteira de identidade falsa para ir às baladas. Deixou,
contrariamente aos seus princípios, porque o filho usou o recurso infalível:
disse que só ele não tinha, e que isso o deixava sempre de fora dos programas
que amigos e colegas faziam.
Aliás, essa prática de
identidade falsa entre os jovens é tão comum que me espanta que as autoridades
não consigam impedir que isso ocorra. Não cabe à sociedade proteger nossas
crianças e nossos adolescentes? Igualmente, me espanta também que os pais sejam
cúmplices disso.
Algumas situações que ocorrem
com os filhos exigem respostas imediatas, urgentes: doenças, brigas violentas
com os pares, situações de risco na vida real ou virtual etc. Todos os pais
sabem identificar muito bem quais situações são essas, não é, leitor?
Todas as outras questões que os
filhos levam aos pais não têm urgência alguma. Pode até ser que tenham urgência
para os filhos, mas nunca são tão urgentes, na realidade!
São os pais que devem decidir o
que exige resposta imediata. E tem mais: se os pais já sabem a resposta que
querem dar, não devem titubear: precisam dar na hora, sem se deixar pressionar
pelos filhos. Insisto: os mais novos sabem o que querem e conhecem muito bem as
estratégias para tentar conseguir o que almejam. O que eles não sabem é se o
que querem é bom para eles ou não. Os pais é que decidem isso, pelo menos até a
maturidade deles.
Algumas questões, no entanto,
deixam mesmo os pais em dúvida. Aí, é preciso ser franco com o filho e dizer
que a demanda dele exigirá considerações e reflexões. Mesmo assim, eles
insistirão na urgência. Uma mãe que conheço resolveu isso: disse ao filho que,
caso ele insistisse em apressá-la, a resposta seria negativa. O jovem aprendeu
a esperar.
Como esta é a minha última
coluna antes do Natal, a quem comemora a data, desejo um encontro verdadeiro em
família!
Rosely Sayão – psicóloga e consultora em educação
Fonte: caderno cotidiano / jornal FSP