Recentemente,
divulgou-se que, em vez da esperada estagnação do crescimento do país, a
expectativa para 2015 passou a ser de retração de 1,01% do PIB.
A
projeção de recuperação da economia brasileira está prevista apenas para 2016.
Diante desse cenário, considero essencial que as pessoas passem por este
período mantendo suas contas em dia, evitando antecipar sonhos de consumo
através do uso de cartões de créditos ou qualquer outro tipo de empréstimos e
financiamentos.
Em tempos difíceis como estamos prevendo para 2015 e também para
2016, é importante apertar o cinto e ser o mais prudente possível nos gastos
domésticos. Tome cuidado para não aderir às campanhas do marketing de consumo
sem antes se perguntar “Eu realmente preciso disso agora?” e evite contrair dívidas de médio e
longo prazo, pois existe também um aumento na taxa de desemprego. Não seria bom
perder o emprego com dívidas a perder de vista, certo? Se for indispensável,
compre no curto prazo (até um ano), mas dê preferência ao pagamento à vista.
Com a
taxa de juros das mais altas nos últimos anos, acho importante levar em
consideração caso seja necessário realizar uma breve leitura dos sinais
mostrados pelo aumento da taxa de juros, e nos acautelar de nossas decisões de
consumo. Vamos lá: no início de 2015, o governo e a nova equipe econômica
anunciaram medidas que implicam aumentos na carga tributária e cortes de
investimento em várias áreas da economia, sem falar no aumento dos tributos
sobre as operações de crédito, tanto para pessoa física como para jurídica.
Nos
últimos cinco anos, a taxa de juros básica da economia saltou de 7,25%
(jan/2013) para 13,25% em abril de 2015. Já a inflação, no mesmo período,
oscilou entre 5,91% (2010) e 6,41% (2014) e para 2015, se confirmada, a
previsão do mercado (de 8,23%) atingirá o maior patamar desde 2003, quando
ficou em 9,3%.
Esses dois componentes, aliados a um índice de endividamento das
famílias brasileiras de 46% e inadimplência próxima aos 6% (contas com atraso
superior a 90 dias), elevam em muito as taxas cobradas nos financiamentos ou
empréstimos, seja para aquisição de veículos (com taxas entre 10,8% e 56,2% ao
ano), seja pelo crédito consignado (20% a 96% a.a.), cheque especial (28% a
359% a.a.) ou financiamentos imobiliários (10,2% e 12,3% a.a.). Consciente
desses números, e sabendo que a taxa de juros do cartão de crédito é a maior
desde 1999 no Brasil (com taxas entre 90,12% a 431,0% a.a.), pergunte-se
novamente:“Eu realmente
preciso disso agora?” Se
a resposta for sim, siga o passo a passo:
1) Faça um
pente fino no seu orçamento e veja qual seria a folga financeira para esse novo
compromisso.Ou seja, ele
cabe no orçamento? Por quanto tempo? Caso não tenha ainda um
orçamento, faça isso antes de assumir qualquer compromisso. Se necessário, faça
corte de gastos, que na média, após um pente fino, pode chegar a uma economia
de até 30%.
2) Antes
de recorrer a instituições financeiras, avalie se poderia conseguir o valor
junto aos parentes ou amigos. Mas não vá comprometer o relacionamento com eles
por causa de um empréstimo!
3) Sempre
opte pela menor taxa efetiva a ser cobrada em cada tipo de empréstimo e
financiamento para igual prazo de uso do dinheiro.
4) Por
último, se tiver que realizar a operação com bancos, sempre opte por operações
com garantias reais: casa ou carro são exemplos comuns. As taxas tendem a ser
menores.
5) Consulte
sempre mais do que uma instituição. Você não precisa necessariamente procurar o
banco em que recebe a conta-salário. Se for interessante, na contratação faça a
portabilidade da conta-salário primeiro e só depois contrate a operação.
Boa
sorte!
Jusivaldo Almeida -consultor e conselheiro de Fundos de Pensão, Educador e
Coach Financeiro e Previdenciário