Inflação em 2013: sob controle, mas ainda patamares elevados


Na última semana, foram divulgadas as variações acumuladas de 2013 dos principais índices de inflação do país. O parâmetro oficial do governo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, apresentou alta de 5,91%, mantendo-se, assim como nos últimos quatro anos, na banda superior da meta de inflação, que é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, também calculado pelo IBGE e que é o indicador que reajusta os benefícios da previdência social e de boa parte dos benefícios de previdência complementar, fechou 2013 em 5,56%. Comparativamente ao IPCA, essa variação menor indica que, para os mais pobres, a inflação foi ligeiramente mais baixa, já que o INPC contempla famílias com renda de até seis salários mínimos, enquanto o IPCA alcança famílias com renda de até 40 salários mínimos.

Um dos principais índices calculados pela Fundação Getúlio Vargas, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna – IGP-DI, também bastante utilizado como parâmetro em planos de previdência complementar, fechou o ano em 5,52%. Na comparação com 2012, observa-se uma redução no INPC e IGP-DI, enquanto que o IPCA manteve-se praticamente estável.

Índice

2012

2013

IPCA

5,84%

5,91%

INPC

6,20%

5,56%

IGP-DI

8,10%

5,52%

 Com essas informações, a pergunta que fica é: a inflação do país está controlada? A resposta é, de certa forma, paradoxal: sim, porém em níveis elevados. O Plano Real, que em 2014 completa 20 anos, estabilizou a economia e fez com que estórias de corridas aos supermercados e postos de gasolina virassem lenda urbana. Hoje não mais se fala em criar uma nova moeda para “cortar zeros”, como muito se fez na época dos cruzados e cruzeiros.

Comparando-se à nossa história recente, a situação é bastante confortável. Porém, se esquecermos este passado sombrio e nos inserirmos num contexto global, não estamos tão bem assim. A inflação média dos países que compõem o G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, é de 3%, ou seja, o Brasil se situa num patamar que se aproxima do dobro da inflação média desses países.

Se nos compararmos aos Brics, nossa situação é intermediária. Avaliando-se os índices de 2013, estamos em patamares bastante semelhantes aos da África do Sul e um pouco melhores do que a Rússia. Índia e China destoam da lista, porém cada um para um lado. Enquanto que a China teve, em 2013, inflação de 2,60%, a taxa da Índia superou 11%.

O México, que tem sido figura de destaque dentre os países emergentes e encabeça o grupo dos Mint, também composto por Indonésia, Nigéria e Turquia, registrou inflação de 3,97%, o maior índice naquele país desde 2010. Já os Estados Unidos, maior economia do planeta, numa prévia para 2013 realizada com dados até novembro, registrou índice de 1,2%.

Voltando ao cenário nacional, a situação mostra-se mais preocupante quando verificamos que a taxa de 2013 foi obtida a custo de uma forte elevação da taxa Selic, que saiu de 7,25% em abril, fechando o ano em 10%; de leilões diários de dólares feitos pelo Banco Central, para tentar conter a desvalorização do Real; e de uma estabilização, muitas vezes artificial, dos preços administrados pelo governo, destacando-se o caso da gasolina, o que trouxe graves prejuízos à Petrobrás.

A perspectiva para 2014, ano de eleições e de copa do mundo, é de uma inflação um pouco superior à registrada no ano passado. O último Boletim Focus, divulgado pelo Bacen mas que reflete a expectativa do mercado, aponta um IPCA de 5,97% para este ano, ou seja, será mais um ano em que o teto da meta de inflação será mais lembrado do que o centro.

João Marcelo Barros Leal M. Carvalho - Atuário, MBA em Finanças e graduando em Direito, é Supervisor Atuarial da GAMA Consultores Associados.

Fonte: GAMA Consultores Associados

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