No meio dessa Babel, garimpei
uma pequena menção sobre o projeto da BM&FBovespa para incentivar as
pessoas físicas a investirem na Bolsa de Valores (clique aqui). No Brasil,
atualmente, só 0,03% do giro financeiro da Bolsa é feito por pessoas físicas,
menos que o Chile e o Peru, onde a parcela atinge 10% do movimento.
Para mim, o indicador de 0,03% aponta para uma questão muito evidente: a
deficiência no aprendizado de Matemática Elementar. Daí que somos vítimas das
ações desiguais e até predatórias das instituições financeiras que, claramente,
dominam esse jogo.
Nunca gostei do papel de vítima nem da ideia de assistencialismo. Acho que a
popularidade da Caderneta de Poupança não é aleatória. As PESSOAS se refugiaram
nela para proteger suas economias. A Caderneta de Poupança tem o mérito de ter
simplificado com alguma segurança e comodidade a ideia de investimento e a
vantagem tributária. Claro que cobrou o preço por isso. Baixa rentabilidade que
mal remunerava a inflação, o poder de compra do investidor.
Em contrapartida, o mercado
financeiro - alheio ao cidadão comum - até agora preferiu privilegiar os
tubarões: investidores institucionais, que dispunham de advogados preparados e
sistemas sofisticados de proteção ao risco.
Tudo tem um preço! E o da ignorância é bem caro. Para conquistar o investidor
individual a Bolsa de Valores, além de oferecer vantagens e simplificar as
operações, vai ter que dividir o bolo: mostrar para o público de interesse como
ganhar com o processo, de preferência sem mediação de corretores e operadores.
A Bolsa de Valores terá que compartilhar autonomia.
E o resultado só será percebido no longo prazo. Porque vai depender de uma
série de convergências pedagógicas, financeiras, políticas e, principalmente,
da experiência positiva de uso pela pessoa física. Em uma só palavra, a Bolsa
de Valores terá que conquistar a confiança do investidor.
O lado bom da história: a BM&FBovespa já faz um trabalho muito
bacana com Educação Financeira, inclusive para crianças. Portanto, agora é hora
de aumentar a torcida para que esse projeto de fomento tenha êxito e sucesso.
Quem sabe, essa não é mais uma alavanca no processo de desenvolvimento e
evolução de políticas públicas de incentivo à Educação Financeira e
Previdenciária das quais o Brasil tanto precisa?
Eliane Miraglia -
mestre em Ciências da Comunicação, especialista em Gestão de Processos
Comunicacionais e consultora de comunicação, tem participado em projetos com a
Suporte Educacional.
Fonte: blog da Eliane: www.elianemiragliablogspot.com.br