Educação midiática contra a desinformação
Consumo crítico de
informações valoriza a ciência e a democracia
Em
tempos de sobrecarga informacional, a educação midiática torna-se fundamental
para capacitar cidadãos a navegar em um ambiente repleto de dados,
desenvolvendo a habilidade de filtrar, interpretar e compartilhar informações
de maneira crítica.
Infelizmente, a democratização do acesso a conteúdos online também
abre espaço para a proliferação de desinformação e expõe a urgência de
diferenciar fatos verídicos daqueles que sofreram manipulações.
A
educação para o consumo crítico de mídia é, portanto, essencial para a formação
de uma sociedade bem informada, que valorize a Ciência e a Tecnologia, defenda
o jornalismo de qualidade e fortaleça as bases democráticas.
A desinformação circula com rapidez nas redes
sociais, impulsionada por conteúdos apelativos que, ao explorar aspectos
emocionais e simplificar temas complexos, captam a atenção de um público
acrítico mais facilmente.
Muitas vezes, essas narrativas carregam um viés
extremista e concorrem com informações científicas que, para serem
compreendidas, demandam um certo esforço para interpretação.
Diante desse cenário, iniciativas como a Semana Brasileira de Educação
Midiática, promovida pelo Governo Federal em parceria com a Unesco e
outras entidades, são vitais para fortalecer as habilidades midiáticas como um
pilar para a sociedade.
Durante o evento, que ocorre esta semana, debates e
atividades envolvem escolas, universidades, profissionais de mídia e o público
em geral para discutir a importância dessa formação no combate à desinformação
e no fortalecimento da cidadania.
Especialmente em um contexto urgente, no qual
as fake news afetam os processos democráticos no Brasil e no
mundo, ações como essa têm papel crucial.
Esse tipo de formação se faz ainda mais
relevante durante períodos eleitorais, quando o ambiente
digital é intensamente afetado por campanhas de desinformação e mensagens
manipuladoras destinadas a influenciar a opinião pública.
Cidadãos com maior
preparo conseguem identificar e questionar informações distorcidas e
enviesadas, evitando a manipulação por interesses específicos.
E esse preparo
contribui para escolhas políticas mais conscientes e autônomas, permitindo que
eleitores analisem de maneira crítica as propostas dos candidatos e
identifiquem estratégias desonestas de persuasão disseminadas inclusive por
agentes políticos, como no episódio recente envolvendo o governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas.
Outro aspecto essencial é o impacto do senso
crítico midiático na valorização da Ciência, especialmente em um contexto de crises sanitárias e mudanças climáticas,
pois, ao incentivar a busca por fontes confiáveis e favorecer a valorização do
método científico, ajuda a combater narrativas pseudocientíficas e teorias
conspiratórias que ameaçam o bem-estar coletivo.
Ao desenvolver uma consciência
sobre a importância da Ciência e seu papel na sociedade, as pessoas podem
demandar e/ou apoiar o desenvolvimento de pesquisas e a formulação de políticas
públicas baseadas em dados e evidências, o que contribui para decisões mais
eficazes e sustentáveis.
A integração da educação midiática aos currículos
escolares já é uma tendência mundial,
e no Brasil começa a se fortalecer,
embora ainda dependa de maior investimento e continuidade para atingir seu
pleno potencial.
Com o crescimento do consumo de informações pelas redes
sociais, especialmente entre as novas gerações, essa formação se destaca como
um diferencial necessário.
A luta contra a desinformação exige um esforço
conjunto entre governos, plataformas digitais e a sociedade em geral.
Para que
a Ciência tenha seu valor plenamente reconhecido, a democracia seja fortalecida
e o retrato genuíno da realidade prevaleça sobre as fake news, é
necessário que todos os setores cooperem.
A educação midiática, com isso,
emergirá como um pilar fundamental na construção de uma sociedade mais informada,
crítica e consciente, apta a enfrentar os desafios da era digital e
comprometida com a cidadania e o bem comum.
Soraya Smaili , Maria Angélica Minhoto , Pedro Arantes e Tamires Tavares
Fonte: Sou Ciência - conectando universidades, sociedade e ciência,
jornal FSP