Manuel Castells, sociólogo espanhol, é considerado o maior
especialista em movimentos sociais na era da rede. Castells tem pesquisado os
conflitos sociais que se expandem por meio das mídias sociais pelo mundo todo.
Em seus estudos, encontrou o poder destas redes na construção da sociedade
contemporânea, uma sociedade horizontalizada, que progride com base na
interação.
Todo o sistema da escola está organizado para não dar poder, para fazer dos
estudantes objetos submissos que tenham que aprender a informação que seu
professor aprendeu na semana passada. Os professores sempre tiveram um livro à
frente dos estudantes historicamente. Agora não. Agora, os estudantes sabem
mais do que os professores. Não porque saibam, tenham lido mais, mas porque
estão mais na internet e sabem mais o que acontece. Muitas universidades hoje
em dia proíbem os estudantes de utilizarem o computador e estarem conectados à
internet durante a aula, porque dizem que se distraem. Não é isso. Acontece que
lhes fazem desafios constantes."
Autor de "Redes de indignação e esperança", nesta entrevista
exclusiva ao
Fronteiras do Pensamento, Manuel Castells fala
sobre a educação na era da rede. Para ele, o sistema de ensino moderno está
cada vez mais obsoleto, algo ultrapassado e que já não funciona como
antigamente.
De acordo com o sociólogo, a escola sempre interpretou dois papéis: transmitir
os valores dominantes da sociedade e informar os alunos. Porém, argumenta, a
insistência em uma pedagogia baseada na transmissão de informação não pode mais
existir, porque 80% da informação mundial está contida na Internet. O papel
informacional deve ser reajustado ao dar poder intelectual. Não é a informação
que deve ser ensinada, mas como buscá-la e combiná-la nos projetos pessoais de
cada aluno.
As instituições de ensino ainda embasadas na pedagogia
informacional, afirma, preparam "objetos submissos", que não podem
ultrapassar o conhecimento do professor. Isso podemos ver nas universidades que
banem o uso da internet na sala de aula - não pela justificativa da distração,
tão comumente utilizada, mas sim pelo receio do professor de ser desafiado. Ou
seja, as relações verticais de poder seguem perpetuadas e a interação e a
construção conjunta do conhecimento, o caráter horizontal da rede, segue
negado. Assim, Castells alerta para o fim dos dois principais papeis das
instituições de ensino contemporâneas.
Em 2014, o Fronteiras do Pensamento traz, ao Brasil, oito conferencistas
que discutem "Ideias para reinventar o mundo" com mais racionalidade
e tolerância. Líderes mundiais de campos como cosmologia, física, literatura e
ética prática convidam o público a compreender a complexidade do presente e a
propor novos questionamentos para novos tempos. A primeira conferência desta
temporada, que vai de maio a novembro, será com o escritor britânico SALMAN
RUSHDIE. Símbolo vivo dos males da intolerância, Rushdie foi alvo de uma
condenação à morte expedida pelo aiatolá Khomeini, autoridade máxima no Irã. Conheça
os conferencistas do seminário internacional, os valores do pacote de
ingressos, locais e horários. Faça sua inscrição para esta temporada do
Fronteiras do Pensamento 2014:
Fonte: site UOL