Tardou, mas a inevitável elevação da taxa básica de juros está acontecendo. Com muito atraso em relação
à inflação medida pelo IPCA, que, em abril, já acumula alta de 6,76% em 12 meses, o ajuste
na Selic reduzirá a taxa de juros real negativa dos investidores.
O mercado estima que a elevação da Selic deva continuar e atingir 5,5% em
dezembro deste ano.
Se o IPCA se mantiver no nível esperado, entre 5% e 5,1%, a
longa temporada de juro real negativo se encerrará e adentraremos em um cenário
de juro real positivo (Selic acima do IPCA) ao longo de 2022.
Afortunados os que têm dinheiro novo para investir e poderão explorar
novas alternativas de investimento.
Os que não têm novos recursos poderão
avaliar se devem alterar a carteira ou negociar melhorias em operações de
depósitos bancários, por exemplo.
TAXA
PÓS-FIXADA
Indicados para investir recursos que requerem liquidez e baixo risco, os
títulos de taxa pós-fixada acompanham a variação do CDI e estão se beneficiando
da atual elevação dos juros. Entretanto, compete ao investidor negociar o maior
percentual possível dessa taxa, visando aumentar seus rendimentos.
Títulos privados emitidos por bancos de pequeno e médio portes, por
exemplo, contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos e oferecem entre
110% e 130% do CDI, dependendo do prazo e da condição de liquidez.
A tendência é que o percentual caia à medida que a taxa básica se
aproxime do nível considerado justo. Assim, quem puder investir agora garantirá
um percentual que provavelmente não estará disponível no fim do ano.
TAXA
PREFIXADA
Os juros de longo prazo já capturaram essa nova realidade, e os títulos
de taxa prefixada, que perderam valor em um passado recente, são alternativa
interessante de diversificação.
Em 12 de maio, os títulos públicos Tesouro Prefixado 2024 e
2026 pagavam juros de 8,26% e 8,79% ao ano, respectivamente.
A rentabilidade de
títulos privados, com maior risco de crédito e menor liquidez, se aproxima de
10% ao ano.
Vale lembrar que, para ganhar a rentabilidade mencionada, as operações
devem ser mantidas até o vencimento. Se o investidor optar pela venda
antecipada, estará exposto às condições de mercado.
INFLAÇÃO
MAIS JUROS
Outra opção para compor a carteira de renda fixa é o título público
Tesouro IPCA+, que remunera a variação do IPCA mais uma taxa de juros prefixada
no dia da compra, desde que mantido até o vencimento.
Em 12 de maio, o Tesouro IPCA Principal 2026 e o 2035 pagavam 3,47% e
4,18% ao ano, respectivamente.
Adequados para proteger o investidor contra a inflação, completam bem a
diversificação da carteira.
Entretanto, são títulos de longo prazo e expõem o
investidor a maior volatilidade de preço.
A venda antecipada pode ser feita,
mas, assim como no caso dos títulos de taxa prefixada, o preço de venda
dependerá das condições de mercado.
FUNDOS DE INVESTIMENTO
Os gestores dos fundos de renda fixa de gestão ativa e dos fundos
multimercado, responsáveis pela gestão permanente dos ativos das carteiras,
implementam as estratégias de investimento com base nas expectativas em relação
ao mercado.
Dessa forma, se o investidor estiver em um fundo aderente aos seus
objetivos de investimento, não precisará fazer nada, o gestor é pago para fazer
essa gestão.
Entretanto, se perceber que está no fundo errado, deverá avaliar
se vale mudar de estratégia ou de gestor.
MARCIA DESSEN – planejadora financeira CFP (“Certified
Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu
Dinheiro”.
Coluna jornal FSP