Para
evitar golpes dependemos de nossa desconfiança, bom senso e intuição.
A
temporada de golpes por email nunca para. Mas, periodicamente, os criminosos se
aproveitam de eventos para nos enganar, e tudo fica bem pior. Os golpes
virtuais estão cada vez mais sofisticados, obrigando-nos a usar antivírus que
restringem muito o acesso a sites, arquivos e e-mails. É como ocorre nas casas
e apartamentos das grandes cidades brasileiras, repletos de grades, alarmes e
vigilância eletrônica: nós estamos presos e os bandidos estão soltos, ou nos
presídios, mas com celulares e banda larga que sempre funcionam.
Um
consumidor relatou ter recebido uma oferta imperdível de smartphone. Como sua
filha completará 15 anos, resolveu comprá-lo. Clicou em um link que o levou ao
site de uma das principais lojas virtuais do Brasil. Igualzinho ao verdadeiro,
mas não era. E, como pagou o boleto, perdeu o dinheiro.
Interessante
que o pagamento foi feito no portal de um dos maiores bancos do país. Ou seja,
o golpe foi bem urdido e o consumidor sabe que arcará com o prejuízo. Ele
conversou com dois atendentes: um da loja, outro do banco. O da loja foi
desrespeitoso, o do banco mais polido.
Outro
conhecido reservou cinco passagens aéreas de ida e volta alguns meses antes da
data da viagem. Ao se aproximar o dia do voo, começou a receber emails da
companhia aérea, informando mudança no horário da ida. E que poderia aceitar ou
não o novo horário proposto.
Em
lugar de clicar no link, saiu do gerenciador de e-mails e entrou no site da
empresa aérea. Não havia mudança alguma. Ele não consegue imaginar como piratas
virtuais conseguiram acesso às informações de sua compra online de passagens.
Agora,
há outra safra de crimes. Desta vez, porém, o golpe vem por correspondência
comum, via Correio. Na carta atribuída à Receita Federal, há uma ‘intimação’
para atualização dos dados cadastrais. E a indicação de um link para fazer a
tal atualização falsa. Tudo porque estamos no período de entregar a declaração
de Imposto de Renda.
Não
é demais insistir: não clique em nenhum link, seja enviado por email ou carta.
Se tiver dúvida sobre a procedência da correspondência, ligue para o órgão que
pretensamente a enviou. Jamais informe dados, senhas ou números de documentos
por telefone, email ou WhatsApp, exceto as pessoas nas quais confie muito.
Se
for vítima de fraude, faça cópia de comprovantes, recibos, emails, cartas e
entre em contato com um órgão de defesa do consumidor. Ou vá a uma delegacia de
polícia para registrar a ocorrência.
Uma dica: não se deixe enganar por pechinchas fora do comum, muito abaixo do
preço médio do mercado.
Para evitar estes golpes,
dependemos somente de nós, de nossa desconfiança, bom senso e intuição. A
internet, em muitos aspectos, ainda se assemelha a um salão de bar de um
faroeste. E os fora da lei estão vencendo.
Maria Inês Dolci - advogada, é especialista em direitos do consumidor.
Fonte: coluna jornal FSP