De onde vêm os emojis?


Para quem vive em Marte, emojis são aqueles símbolos que todo o mundo usa para se comunicar na internet: rosto sorrindo, olhos de coração, Lua, bolo de aniversário e assim por diante.

Poucas vezes pensamos nisso, mas os emojis se tornaram uma das principais formas planetárias de comunicação. Eles vão além da linguagem e cultura local e conseguem ser entendidos (em sua maioria) universalmente.

Com isso, é claro que os emojis passaram a enfrentar também dilemas políticos. Por exemplo, a proposta para a inclusão de um emoji para representar sangue menstrual acaba de ser negada (o símbolo seria uma calcinha manchada de sangue).

Fica então a pergunta: de onde vêm os emojis?

A resposta é que eles são aprovados pelo consórcio chamado Unicode, uma organi- zação sem fins lucrativos com sede na Califórnia, cuja tarefa é analisar propostas e divulgar anualmente as que são aceitas.

Essa decisão é importante: quando um emoji novo é in- cluído, ele irá aparecer em todos os celulares e computadores do planeta. O consórcio é formado por membros do setor privado (que pagam para estar ali), como IBM, Adobe, Apple ou Netflix. Apenas três países são membros: Índia, Bangladesh e o sultanato de Omã.

Qualquer pessoa pode propor um novo emoji. A proposta será então analisada pelo consórcio. Hoje, há 2.789 emojis oficiais. Aproximadamente 150 novos vêm sendo incluídos na lista anualmente. Há até a Emojipédia, site em que é possível procurar informações detalhadas sobre cada um deles. A tarefa de decidir o que entra não é fácil. O Unicode em breve irá se deparar com propostas como a representação de famílias formadas por transexuais. Ou, ainda, famílias com um marido e quatro mulheres (o que é permitido em Omã).

O consórcio foge do papel de árbitro político. Nas suas palavras, seu objetivo é "promover padrões de texto em produtos de software". Potencial de uso massivo e ineditismo são critérios que ajudam um emoji proposto se tornar oficial.

Não encontrei nenhum emoji que tivesse sido proposto por brasileiro ou brasileira. O mais próximo é o mosquito da zika, aprovado no ano passado. Trata-se de uma contribuição brasileira indireta. O mosquito foi proposto por um cientista da fundação Bill & Melinda Gates.

A razão foi justamente a propagação rápida da zika em nosso país e a necessidade de criar um símbolo global capaz de falar do assunto além das barreiras educacionais, geográficas e étnicas.

Procurando no repertório dos emojis oficiais, dá para ver claramente que o Brasil está sub-representado. Temos grande potencial de termos emojis nossos: a floresta amazônica, o Cristo Redentor, o banquinho e o violão da bossa nova (homenagem merecida a João Gilberto) ou seres típicos do Brasil (incluindo o ET de Varginha).

O que falta é designers brasileiros se animarem a enviar propostas e se engajarem na campanha para terem suas ideias aceitas. Vamos combinar que em 2019 o Brasil emplaca um emoji para chamar de seu?

Ronaldo Lemos - advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

Fonte: coluna jornal FSP

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