Naira Hovakimyan, da Universidade de Illinois, acredita
que, no futuro,
drones poderão realizar tarefas domésticas simples.
O rápido crescimento do número de idosos em diversos países fez
surgir a preocupação de como a sociedade poderá ajudá-los a garantir sua
autonomia por mais tempo. Naira Hovakimyan tem uma ideia: drones, ou seja,
pequenos aviões teleguiados. A roboticista da Universidade de
Illinois recebeu uma bolsa de US$ 1,5 milhão da Fundação Nacional de
Ciências para projetar pequenos drones que possam realizar tarefas domésticas
simples, como pegar um vidro de remédio em outro quarto. “Estou convencida de
que, em 20 anos, os drones serão os celulares de hoje”, disse.
Embora os cuidadores robóticos plenamente funcionais ainda
estejam distantes, roboticistas e médicos preveem que avanços tecnológicos
poderão, ainda nos próximos anos, prolongar a autonomia de idosos. Apesar de
tantas ideias promissoras, porém, os céticos notam que muitas delas falham no
teste de praticidade. “Ficamos todos muito entusiasmados e, então, passamos por
esse buraco de decepção”, disse Laurie Orlov, analista de empresas que iniciou
em 2008 o blog Aging in Place Technology Watch.
Mesmo assim, exemplos de novas tecnologias que estarão
comercialmente disponíveis na próxima década incluem andadores inteligentes,
colares que identificam quedas e “caminhadas sem rumo”, sensores de quarto e
residência que monitoram o estado de saúde e companheiros virtuais eletrônicos
e robóticos. A população idosa representará um enorme peso para o sistema de
saúde mundial até 2050, segundo demógrafos. Globalmente, o número de pessoas
com 60 anos ou mais deverá mais que duplicar até 2050 e triplicar até 2100. O
número de pessoas de 80 anos ou mais deverá duplicar até 2050 e aumentar mais
de sete vezes até o final do século.
Os EUA parecem estar atrás do Japão e da Europa no
desenvolvimento de soluções. “Tanto no Japão como na Europa, parece que os
governos estão mais sintonizados com o potencial tecnológico para as populações
idosas”, disse Jeffrey A. Kaye, neurologista da Universidade de Saúde e Ciência
do Oregon (EUA). A China recorreu há mais de uma década a Eric Dishman,
cientista da Intel que se especializou no desenvolvimento de tecnologias
voltadas a idosos. “Agora tenho uma equipe na China que colabora com a
Iniciativa da Cidade Amiga do Idoso”, projeto que levou à instalação de
sensores domésticos que monitoram até 100 mil pessoas.
Além de sensores para smartphones e robôs móveis, há uma
variedade de outros esforços para se fazer robôs estacionários capazes de
fornecer desde treinamentos específicos a comunicações e companhia. Uma dúvida
é se os robôs ou assistentes virtuais, em conjunto com as comunicações pela
internet, poderão ajudar a postergar os efeitos do envelhecimento, como a demência.
O isolamento é um dos problemas mais prementes para os idosos, e há evidências
de que o contato humano pode adiar o declínio intelectual.
“Não é possível simplesmente dizer às pessoas que saiam e façam
novos amigos, por isso a ideia é fornecer uma dose significativa e frequente de
envolvimento social”, disse Kaye.
A conferência Aging 2.0, realizada no mês passado em San
Francisco, na Califórnia, concentrou-se nas tecnologias de cuidados a idosos.
Cynthia Breazeal, roboticista do MIT (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts), exibiu o Jibo, robô de mesa conectado à internet com uma tela
redonda giratória que retrata um rosto robótico amistoso. O conceito
não entusiasmou a todos entre o grande público. No final da apresentação, uma
mulher de 91 anos disse: “Se o Jibo fosse meu último amigo, eu ficaria muito
deprimida”.
John Markoff – jornalista do New York Times Fonte:
suplemento NYT do jornal FSP