Esta semana o Jornal Nacional vai apresentar uma série
sobre a presença e importância da Matemática na vida cotidiana. Fico pensando:
quando superarmos o medo do que nos parece complexo ao pensamento, dominaremos
o mundo. Veja a chamada:
Assustadora, ela está nas coisas mais simples da vida: a matemática
A
reportagem é boa. Gostaria que mostrasse também o diferencial competitivo de
quem entende de cálculos, projeções, decisões com base em análise de dados. A
vida intuitiva - no século 21 - tende a dar mais espaço para essa competência
que se adquire por meio dos números. A Tecnologia da Informação exige esse
reposicionamento! Nós exigimos, quando buscamos por precisão, rapidez,
mitigação de riscos, garantias de resultados. Mesmo a Comunicação -
que até o século 20 era considerada parceira da criatividade, do subjetivismo,
da interpretação - passou a ser monitorada por recursos de medição,
indicadores, dados estatísticos.
A
Matemática está no compasso ou descompasso das nossas veias. A gente vê o
número no monitor e sabe se a pressão sanguínea está ou não normal. Os
batimentos cardíacos. Os impulsos elétricos. Quantos alunos cabem em uma
sala de aula? Quantos passam no exame do ENEN? Quanta cidadania e dignidade
poderia ser resgatada com a mitigação da corrupção no Brasil e no mundo?
Ainda
ontem, escrevi uma matéria sobre o trabalho de um padre. É impressionante o
número de casamentos, batizados, missas, reuniões, doações, aulas para adultos
- entre outras atividades - que uma igreja pode realizar. Tive acesso a todos
esses dados. E precisei conciliá-los em uma história coerente.
Pessoas
exponenciais
Tenho
insistido em uma leitura considerada meio que bíblia do século 21: Organizações
exponenciais - por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas
que a sua (e o que fazer a respeito) - deSalim Ismail, Michael
Malone e Yuri Van Geest, rrio da Singularity University.
Entre
outras ideias associadas à Tecnologia, eles revêm o conceito de abundância no
século 21 - tratado também por Peter Diamandis - em
contrapartida ao conceito de escassez presente em toda história da humanidade.
Organizações exponencias geram impactos em escala. Transformam o mundo e o
comportamento. Os exemplos são muitos. E os cientistas estão realmente
entusiasmados com a celeridade dos avanços.
Há,
entretanto, uma conta que não fecha: a distribuição, a democratização do acesso
a esses avanços. Isso ainda é uma incógnita. No início deste século, quando
preparei minha dissertação de mestrado e defendi na academia uma reflexão sobre
a importância dos dados quantitativos na linguagem jornalística, minha ideia
era estimular a discussão sobre essa competência que pode desenvolver a
exponencialidade nas PESSOAS. O empoderamento - que naquela época
eu chamei de cidadania e autonomia.
Porque
um leitor autônomo - com pensamento livre - tem mais recursos da razão para
justamente se posicionar diante da escassez, da abundância, da distribuição, da
concentração. Ele tem uma relação mais orgânica e não de medo
("assustadora matemática") com o mundo. Isso vale para o leitor, o
telespectador e, principalmente, para o jornalista. Vale para todos.
E
a superação dessa limitação talvez desencadeie o que a Física chama de Efeito
Borboleta - reação em escala - a favor de uma relação mais harmônica entre a
espécie humana. Sei, parece projeções de Poliana!!!! Mas, Cara Pálida, só faz
sentido se mudar para melhor. Eu penso assim!
E
fica uma pergunta na minha imaginação: será que nós que criamos narrativas -
corporativas, educativas, jornalísticas, publicitárias - sobre o mundo,
desenvolveremos novas habilidades para contar números, histórias sobre números,
prosas sobre homens, vida e futuro?
Eliane Miraglia -
mestre em Ciências da Comunicação, especialista em Gestão de Processos
Comunicacionais e consultora de comunicação, tem participado em projetos com a
Suporte Educacional.
Fonte: blog da Eliane: www.elianemiragliablogspot.com.br