Mais um ano que vai chegando ao
seu fim. Já vivemos boa parte das situações e cenários que o ano de 2015 nos
apresentou. Tivemos mudanças em diversas esferas governamentais, crises
econômicas e políticas, CPIs, alterações normativas, ensinamentos ao redor de
fomento, melhores práticas, oportunidades e desafios, e assim em diante. Essas
e outras variáveis permeiam o dia-a-dia das organizações e trazem impactos
desde as operações mais corriqueiras até as estratégicas.
Portanto, se sua organização
possui um plano estratégico plurianual, é bem possível que ele precise ser
revisto para que continue aderente aos novos desafios e oportunidades. Se, no
entanto, o planejamento estratégico de sua organização é feito ano a ano, por
certo suas características para 2016 serão bem diferentes daquelas
estabelecidas para 2015. E se você não possui como hábito utilizar o
planejamento como ferramenta de gestão, saiba que ele é essencial em momentos
de grandes mudanças como este que vivemos: comece com um planejamento
simplificado e vá evoluindo com o tempo, mas não deixe de dar o pontapé
inicial. Qualquer que seja sua situação, um ótimo momento para discutir e
começar a definir planos é agora!
Há diversas maneiras de traçar
planos, de acordo com características da organização, da gestão e da
abrangência pretendida para o planejamento. Por isto, acredito que tentar
estabelecer um roteiro ideal para se fazer planos, que deva ser seguido à risca
por gestores, possa ser algo frustrante e ineficaz. Assim, sem me ater ao rigor
técnico, compartilho com vocês alguns passos generalistas que entendo serem
base para qualquer planejamento e organização. Vamos lá?
1º
passo: enxergando ao redor e a si mesmo
Ter clareza sobre o que está
acontecendo nos ambientes externo e interno de nossas organizações é um ótimo
ponto de partida.
Para os fundos de pensão, os
arredores se mostram bastante turbulentos e em pleno processo de mudanças.
Talvez você tenha a impressão que tudo está como foi, mas veja de novo: o
público-alvo mudou de perfil e de características, em boa parte está migrando
para outras formas de poupança ou está cogitando ter acesso às reservas que já
possui, neste momento de crise; as discussões sobre fomento nunca estiveram tão
em voga e políticas efetivas já começam a se concretizar; uma parte
significativa da legislação e, por consequência, dos processos que se aplicavam
a 2015 sofreram ou ainda sofrerão alterações para 2016; isto para não discorrer
sobre o momento econômico e político que vivemos, que é altamente impactante
para o setor. Tão profunda é a mudança que se falou muito, no último Congresso
que ocorreu aqui em Brasília, em termos como “ruptura” e “reestruturação”,
indicando que pouco permanecerá como antes.
E dentro de casa? Quão bem
preparada sua estrutura tecnológica, orçamentária, de pessoal, de prestadores e
de processos está para enfrentar os desafios que vêm de fora? Você está
protegido contra riscos – especialmente quando as coisas estão mudando cada vez
mais rápido e de forma mais profunda? O que seus principais indicadores de
gestão apontam e como eles se comparam aos de outras organizações similares?
Esta é uma etapa mais
analítica, que pode ser iniciada através de tempestades de ideias (ou
brainstorms, para quem prefere o termo em inglês) e que deve ser aprofundada
até a medida que seja necessária para subsidiar o planejamento. O fundamental,
aqui, é ter precisão! Começar o planejamento esquecendo ou avaliando mal algo
importante põe por água abaixo os esforços seguintes.
2º
passo: problematizando e oportunizando
Ato quase reflexo do passo
anterior, começamos a identificar problemas que precisaremos enfrentar e,
também, boas oportunidades que podem ser melhor aproveitadas.
Cada característica
identificada no passo anterior costuma ter reflexos em situações que, se bem
trabalhadas, podem transformar potenciais (ou atuais) problemas em
oportunidades. Um exemplo prático: se a crise debilita as economias dos
cidadãos, é momento de reter os atuais participantes, com flexibilidades que os
ajudem a atravessar o momento sem ter de sair do plano e prejudicar seu futuro.
Por outro lado, é hora de mostrar àqueles que não aderiram ao plano ainda o
quão importante é estar preparado para tempos de vacas magras e com isto, quem
sabe, elevar o número de participantes.
Uma ferramenta muito prática
para este passo é a matriz FOFA (ou SWOT, no inglês), que ajuda a organizar o
diagnóstico de forças, oportunidades, fraquezas e ameaças.
3º
passo: traçando ações alinhadas aos objetivos da organização
Comece este passo tendo clareza
sobre aonde sua organização quer chegar. Afinal, de que adiantaria conhecer
muito bem o ambiente, sua estrutura e riscos possíveis sem saber para onde se
deseja ir? Para darmos forma ao “mapa” que é o planejamento, precisamos dessas
informações. A depender do caso, o destino final pode até não ser tão exato,
mas precisamos pelo menos do rumo e do direcionamento para seguir.
Passe então a elencar ações que
remediem os problemas e abracem as oportunidades já identificadas. É possível
que conste da lista de ações oferecer estruturas de atendimento mais modernas,
com emprego de tecnologias atuais; estruturar produtos e planos mais adequados
também pode ser algo muito importante neste momento em que se apregoa novas
abordagens; ter boas práticas de governança e saber evidenciar isto aos
“clientes” é passo fundamental; dentre outras medidas. E por quais modificações
sua organização precisa passar para estar pronta para tudo isso?
Ponto importante aqui é
enxergar as ações elencadas de forma integrada e harmônica. Primeiro, como
falamos antes, é preciso convergir a um objetivo central (ou conjunto de
objetivos). Segundo, é necessário checar se não há ações conflitantes ou
elementos soltos, que levarão a lugar nenhum. Por último, mas não menos
relevante, é saber medir o fôlego e a disponibilidade de recursos para fazer
tudo que se deseja.
4º
passo: indicadores, metas e pontos de controle
Com o planejamento já
estruturado, busque verificar formas de medir o sucesso ou fracasso das ações
ao longo do percurso através de indicadores, que refletirão o status atual e o
desejado. Isto apontará o que está dando certo e o que precisa ser revisto,
ajudando a lidar com as incertezas que (com certeza!) aparecerão no caminho.
Quanto mais for possível
quantificar os indicadores e ter referenciais, melhor. Por exemplo, nível de
adesão: identifique qual o nível de adesão atual; analise referenciais de
planos / fundos semelhantes; e estabeleça uma meta de onde se pretende chegar.
Revise novamente o planejamento e certifique-se de que há ações suficientes
dando apoio à mudança pretendida (de/para estabelecido para o indicador),
fazendo alterações sempre que necessário. E preveja, de antemão, momentos
futuros em que o planejamento deverá ser novamente revisto.
Por fim, talvez o planejamento
lhe soe um pouco burocrático e teórico demais. Mas há poucas ferramentas tão
práticas e eficazes como um planejamento bem feito. Por isto, encorajo-o(a) a
arregaçar as mangas e seguir em frente com seus planos para 2016!
Guilherme Brum Gazzoni – administrador e Pós-Graduado em Finanças com
Especialização em Entrepreneurship, e Diretor Administrativo e Comercial da
GAMA Consultores Associados.