Quem manda em sua vida: você ou o
dinheiro? Esta pergunta pode até soar estranha, mas o fato é que, por mais que
muita gente insista em dizer que possui as rédeas de sua própria vida, a
verdade é que as coisas nem sempre funcionam bem assim…
Até que ponto a sua liberdade de
escolha vem sendo influenciada pela sua necessidade de ganhar dinheiro? Ou
seja, se você não tivesse que trabalhar para ganhar dinheiro e,
consequentemente, para pagar as contas, continuaria fazendo da sua vida o que
vem fazendo todos os dias? Sim ou não? (publiquei umtexto sobre este tema recentemente na Revista Em Condomínios: clique aqui para ler)
Liberdade e dinheiro
Somos responsáveis financeiros por
tudo aquilo que contratamos, adquirimos ou consumimos. Quando compramos uma
casa, passamos a ter que arcar com todos os custos relacionados ao imóvel
(impostos, reformas, manutenção, condomínio etc…). Repare que esta mesma lógica
se aplica, desde um carro, até um apartamento, passando pelo colégio das
crianças, pelo plano de saúde ou pela aula de inglês.
Com mais coisas ao nosso redor, maior
tende a ser a nossa responsabilidade para manter todas elas. Se estamos falando
de mais responsabilidade, normalmente ela vem acompanhada de mais trabalho, já
que precisaremos bancar tudo aquilo que viemos acumulando ao longo dos anos. E
lá se vai nossa liberdade!
Muitos pais trabalham duro para dar
uma ótima casa, um carro caro, todos os brinquedos possíveis para os filhos,
acreditando que estão realmente fazendo bem para os mesmos. Ocorre que eles não
conseguem perceber que, com tantas contas para pagar, terão que trabalhar mais
e mais.
O esforço é louvável, mas isso tende
a privar os filhos da sua convivência. Quantas crianças nem conseguem ver os
seus pais ao longo do dia? Os pais chegam exaustos em casa e já encontram-nas
dormindo. Esta é uma cena que se repete em muitas casas. Diante disso, eu
pergunto: não seria melhor passar mais tempo com os filhos? Será que este não
seria o melhor presente que você poderia dar para eles?
A conclusão é que: cada coisa que
compramos leva um pouco da nossa liberdade no presente e, muitas vezes, no
futuro. Desta forma, teremos menor poder de decisão, pois estaremos ocupados
demais tendo que trabalhar para manter tudo o que temos.
A atitude mais acertada…
Certa vez, quando estava explicando
estes conceitos, um aluno me questionou: quer dizer que não devemos comprar
mais nada? Devemos nos transformar em monges abnegados ou coisa do gênero?
Não! Definitivamente não! O que
defendo é que devemos agir com equilíbrio e com a razão em relação ao nosso
dinheiro e nossas finanças. Devemos tomar decisões menos emotivas, comprando ou
consumindo somente o que for realmente necessário, evitando os impulsos.
Isso me faz lembrar de uma pergunta
que fizeram certa vez ao Dalai Lama (Esta citação também é atribuída a Jim
Brown): o que mais te surpreende na Humanidade? Então, ele respondeu:
“Os homens … Porque perdem a saúde
para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por
pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam
por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer…
E morrem como se nunca tivessem vivido.”
Talvez esta seja uma reflexão
importante sobre liberdade, dinheiro e vida que todos nós devamos fazer de
tempos em tempos!
Letícia Camargo - Atua como planejadora
financeira, professora convidada de finanças na FGV, palestrante, e escreve
para a coluna Consultório Financeiro do Jornal Valor Econômico.