Robodogs de US$ 2.000 estão chegando
- Empresa chinesa lidera mercado de cães-robô com inteligência
artificial
- Polícia e Exército dos EUA adquiriu robôs para ajudar em situações
de perigo e para pesquisa
Wang Xingxing nasceu em 1990. Após se formar em
engenharia, criou aos 26 anos a empresa de robótica Unitree, que está prestes a
abrir capital na bolsa de Shanghai. O valor inicial estimado é de US$ 7 bilhões
(o mercado de robôs pode chegar a US$ 5 trilhões até 2050).
Seu principal produto são robodogs, cães-robô
capazes de executar tarefas de precisão com agilidade e cada vez mais
integrados com inteligência artificial. O YouTube está cheio de vídeos desses
robôs caninos em ação.
A Unitree está conquistando mercados globais. A
razão é que em termos de preço a empresa é imbatível.
O modelo mais básico de
Robodog é vendido hoje até pela Amazon. Pesa 15 kg, tem 70 cm de altura, custa
US$ 2.590 (os modelos profissionais custam US$ 3.990 e US$ 5.990,
respectivamente).
Para se ter uma base de comparação, os robôs da
Boston Dynamics, concorrente dos EUA no mesmo segmento, custam algo como US$
100 mil.
São um pouco maiores que os modelos da Unitree, mas mesmo assim a
diferença é enorme.
Com preços baixos, os robôs da Unitreee estão sendo
adquiridos vorazmente também nos Estados Unidos. Reportagem do jornalista Noah
Berman mostrou recentemente que a polícia de várias cidades comprou robôs da
empresa.
São usados em situações de perigo, como quando a polícia encontra
barricadas. Nesses casos, os cães-robô vão primeiro.
O jornalista afirma que mesmo o Exército dos EUA
adquiriu robôs da empresa, principalmente para fins de pesquisa.
Além disso,
tem sido o equipamento preferido das universidades que estudam a integração
entre robótica e inteligência artificial.
E até no entretenimento estão
presentes: em 2023 um grupo de robôs da Unitree apareceu dançando no Superbowl,
na apresentação do cantor Jason Derulo.
As aplicações desse tipo de robô são amplas. Um
vídeo divulgado no YouTube pela TV chinesa mostra um exercício militar do país
em que um desses robodogs está equipado com um rifle, que dispara na
demonstração.
Na Ucrânia, esses robôs estão na linha de frente.
Há posts de soldados classificando sua presença como "essencial" nos
batalhões de infantaria.
Tudo isso tem gerado preocupações nos EUA. A
Unitree não está hoje na lista de empresas banidas no país, mas há um
desconforto crescente com o avanço dos seus produtos.
O fato é que se tornou muito difícil competir com a
empresa. O ecossistema de fabricação chinês é praticamente imbatível.
No
episódio do Expresso Futuro que gravei em Shenzhen, mostrei a agilidade dos
fabricantes locais e a facilidade de obter componentes, algo praticamente
impossível de replicar em outros lugares.
Além de robodogs, a empresa tem outra linha de
produtos que são os robôs humanoides, com preços de entrada próximos a US$ 16
mil.
A Tesla está prometendo lançar seu humanoide há bastante tempo, mas até
agora nada. Nesse período a Unitree já lançou três modelos diferentes com
distribuição global. Não duvido que começaremos a ver robôs como esses no
Brasil rapidamente.
RONALDO LEMOS - advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do
Rio de Janeiro